Edegar pretto presta homenagem aos 50 anos da província dos freis franciscanos no rs
O deputado estadual Edegar Pretto (PT) homenageou, no período do Grande Expediente da Assembleia Legislativa, na tarde desta quarta-feira (14), os 50 anos de autonomia da Província dos Freis Franciscanos no Rio Grande do Sul. O parlamentar traçou um panorama histórico do trabalho realizado pela ordem religiosa no Estado, destacando a atuação junto às camadas sociais mais pobres da população. “Nasci e me criei junto aos movimentos sociais, que sempre tiveram o alento da missão franciscana”, revelou, destacando, em seguida, a influência dos Franciscanos na criação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Central de Assessoria do Movimento Popular.
onforme o deputado, a instalação da Província dos Freis Franciscanos no Rio Grande do Sul remonta à chegada de religiosos holandeses no Rio de Janeiro em 1900. Buscando expandir o trabalho missionário, um grupo rumou para Minas Gerais. E de lá, em 1926, os franciscanos chegaram ao território gaúcho, onde assumiram a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes em Vila Fão, hoje município de Marques de Souza. “A integração com a comunidade e a força de trabalho franciscano logo permitiu a ampliação para outras localidades, como Taquari, Agudo, Três Passos, Porto Alegre, Lajeado, Panambi, Horizontina, Rio Grande, Gravataí, Hulha Negra e Progresso”, enumerou.
No entanto, a autonomia da Província Franciscana no Rio Grande do Sul só ocorreu em 1966 com a criação da Custódia São Francisco de Assis, a partir do desmembramento da província Santa Cruz de Minas Gerais. “O reconhecimento da autonomia permitiu a ampliação da atuação franciscana no Estado. Com isso, milhares de jovens passaram pelos espaços de educação, formação e evangelização dos franciscanos no Rio Grande do Sul”, explicou o parlamentar.
Ele ressaltou, ainda, que, a missão franciscana foi importante também no âmbito eclesial. Citou, como exemplos, a Comissão Pastoral da Terra, Pastoral Operária, Pastoral da Juventude Urbana e Rural, além da organização das comunidades eclesiais de base e da formação de lideranças leigas para atuarem como protagonistas nas lutas sociais e políticas. “Os freis sempre nos ensinaram que não há como separar a fé da nossa vida cotidiana. E, como bons filhos de São Francisco de Assis, devemos ser presença solidária com os excluídos”, preconizou.
Presença
Atualmente, a Província de São Francisco do Assis tem freis missionários em Roraima e na Terra Santa. “Das fileiras dos frades gaúchos saíram cardeais expoentes da Igreja Católica, como o cardeal dom Aloísio Lorscheider, que teve grande influência na abertura da igreja e foi decisivo para que a instituição assumisse a opção pelos pobres”, lembrou.
Edegar ressaltou também a importância da atuação do arcebispo emérito de São Paulo, dom Cláudio Hummes, que foi bispo de São André, no ABC Paulista, durante a ditadura militar. “Foi na diocese pastoreada por dom Cláudio que o movimento sindical ampliou sua atuação. Liderado pelo então sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, o movimento ganhou guarida dos fransciscanos num período de grande repressão às forças que defendiam a classe trabalhadora”, enfatizou.
No Rio Grande do Sul, a atuação franciscana está presente nas dioceses de Santo Ângelo, Frederico Westphalen, Santa Cruz do Sul, Bagé, Cachoeira do Sul, Caxias do Sul, Montenegro, Passo Fundo, Rio Grande, Vacaria e Porto Alegre. Os freis gaúchos marcaram presença também no Mato Grosso, no ABC Paulista, no Paraguai e em Angola.
Momento histórico
O parlamentar falou ainda sobre o atual momento político e alertou para o risco de extinção de direitos trabalhistas e sociais. “Avanços e conquistas podem ser ceifados pela lógica que beneficia tão somente o sistema financeiro e enfraquece a nossa democracia. Custo do golpe, que retirou a presidenta Dilma do poder, poderá ser alto para os trabalhadores se não houver pressão social”, denunciou.
Edegar ressaltou que o risco de retrocesso social não se restringe ao Brasil, mas avança sobre grande parte da América Latina. “Essa tendência se confronta com os ideais da Ordem Franciscana, que tem a missão de promover um novo jeito de viver, que prioriza, especialmente, aqueles que mais precisam”, frisou.
Ele ressaltou que, neste contexto de retrocesso mundial, é gratificante acompanhar a caminhada do papa Francisco, que reproduz em sua atuação, o modo franciscano de ser e de viver, incidindo diretamente sobre temas caros para a sociedade.
Para o Frei Inácio Dellazari, ministro Provincial dos Franciscanos do Rio Grande do Sul, receber uma homenagem da Assembleia Legislativa tem significado especial e representa uma grande alegria. Segundo ele, é o reconhecimento da sociedade por todos os esforços da missão de levar a paz e o bem, em especial aos mais pobres.
Os deputados Tarcísio Zimmermann (PT), Manuela d Ávila (PCdoB), Ronaldo Santini (PTB), Eduardo Loureiro (PDT), Vilmar Zanchin (PMDB) e Adilson Troca (PSDB) se manifestaram por meio de apartes.
O Grande Expediente foi acompanhado por lideranças religiosas de várias regiões do Estado, como o arcebispo de Porto Alegre Dom Dadeus Grings; o bispo emérito de Cachoeira do Sul, Dom Irineu Vilgs; Frei Olavo Dotto, que é assessor nacional das pastorais sociais; Frei Orestes Serra, pároco da Paróquia da Lomba do Pinheiro em Porto Alegre; irmã Paula Schneider, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil; irmã Lurdes Mantovani, presidente da Família Franciscana no RS; e representantes da Paróquia Santa Clara, da Lomba do Pinheiro em Porto Alegre; do Centro de Promoção da Criança e do Adolescente e Paróquia São Francisco, também de Porto Alegre; e da Rede de Comunidades São José de Gravataí. O deputado federal Dionilso Marcon (PT/RS) representou a Câmara dos Deputados na homenagem. Ao final do pronunciamento, houve apresentação de gaiteiros do Centro de Promoção da Criança e Juventude São Francisco de Assis, localizado na Lomba do Pinheiro.