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Edegar Pretto defende retomada de políticas públicas às mulheres, em encontro no Vale do Rio Pardo

Em apoio à luta das mulheres por seus direitos, o coordenador do Comitê Gaúcho Eles Por Elas da ONU Mulheres, Edegar Pretto, participou nesta terça-feira, 8 de março, do 26º Encontro Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Vale do Rio Pardo. O evento aconteceu em Passo do Sobrado e reuniu cerca de duas mil trabalhadoras de 16 municípios, marcando o Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Conforme Edegar Pretto, as pautas do encontro são urgentes na atual situação do estado e país, em que as condições de vida pioraram e políticas públicas fundamentais para as mulheres foram extintas. Ele reforça também que a valorização e o reconhecimento do trabalho das mulheres estão diretamente ligados à luta contra o machismo e por igualdade entre homens e mulheres, pautas prioritárias do movimento mundial Eles Por Elas da ONU.

“Foi com os ensinamentos da minha mãe, a dona Otília, uma mulher agricultora e militante, que eu aprendi que o 8 de março é um dia de luta, de reivindicar direitos e respeito. As mulheres não querem nada mais e nada menos do que direitos iguais aos dos homens. E para isso a mão pública do Estado, as políticas públicas, têm que ser constituídas pensando nas mulheres e colocando as suas causas no orçamento. Isso representa a sua independência econômica, o direito de serem empreendedoras, a segurança de comida na mesa, de emprego e de uma escola de qualidade para os seus filhos e filhas”, afirmou Pretto.

Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo do Sobrado, Andreia Gabe dos Santos, o encontro teve como temas centrais o protagonismo das mulheres no meio rural, soberania alimentar e saúde coletiva. O objetivo foi valorizar o trabalho das agricultoras, especialmente na produção de alimentos saudáveis, e destacar a importância que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem para as suas vidas.

“Esses são desafios que nós temos que trabalhar todos os dias. Nós temos bastante mulheres ocupando os seus espaços, mas a gente quer trazer ainda mais. E por isso a escolha do tema protagonismo das mulheres, que muitas vezes não é reconhecido. Porque elas têm dupla jornada de trabalho, cuidam dos filhos, cuidam da mãe, cuidam do pai e encontram tempo para tudo”, ressaltou a presidente.

O local escolhido para sediar o encontro foi o Balneário Moraes, que se destaca pelo turismo rural e foi adquirido através do crédito fundiário, uma das reivindicações das mulheres. O lugar tem a simbologia de ser gestado por uma mulher, a Márcia Moraes, servindo como exemplo da importância do trabalho que elas fazem e que muitas vezes acaba sendo invisibilizado.

Um dos principais momentos do evento foi a entrega de uma carta de reivindicações a autoridades municipais, estaduais e federais, na qual elas pedem atenção a assuntos relacionados à habitação rural, educação no campo, importância do SUS, alto custo dos insumos, recursos para o Pronaf Mulheres, entre outros. “Muitos direitos nossos estão indo embora, então estamos lutando para manter os que já existem e para que muitos outros sejam revistos”, pontuou Andreia.

O evento ainda propiciou às participantes uma palestra da recreacionista motivacional Patrícia Haunss, bênção ecumênica, apresentações de teatro e música, e exposição de artesanato e produtos agroindustriais.

Esta 26ª edição foi coordenada pela Comissão Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Sindicato de Trabalhadores Rurais de Passo do Sobrado. Ainda participaram Sindicatos de Trabalhadoras Rurais de Cachoeira do Sul, Novo Cabrais, Cerro Branco, General Câmara, Gramado Xavier, Pantano Grande, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Herveiras, Venâncio Aires, Mato Leitão, Vale Verde, Vera Cruz e Candelária.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira (PT); o deputado estadual, Elton Weber (PSB); o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, e representantes da Emater também estiveram presentes.

Comitê Gaúcho Eles Por Elas

O Comitê Gaúcho Eles Por Elas da ONU Mulheres tem como sua principal diretriz promover ações pela igualdade de gênero e combate à violência contra as mulheres. Uma das mais recentes é a Campanha Máscara Roxa, que disponibilizou às vítimas mais de 1.500 farmácias como canais de denúncia no período da pandemia. A iniciativa acabou se tornando uma política pública através da Lei 15.512, de autoria de Edegar Pretto, e foi modelo para outros estados. Outra ação do comitê é o Programa Aqui tem Respeito pela Vida das Mulheres, lançado em novembro do ano passado. O objetivo é reunir casas noturnas, restaurantes e bares em uma iniciativa para criar ambientes mais seguros e acolhedores para as mulheres.

Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do RS, de janeiro a dezembro de 2021 foram registrados 97 feminicídios no estado. Também ocorreram 2.081 estupros e 17.920 casos de lesão corporal contra mulheres. Edegar Pretto lamenta que, por parte do Governo Leite, há a desestruturação e desarticulação das ações de combate à violência.

“O Centro de Referência Estadual da Mulher foi transferido para uma garagem. O telefone lilás, por onde é feito o acolhimento a mulheres vítimas, nem sempre funciona e a rede de proteção encontra-se totalmente desarticulada. Na Patrulha Maria da Penha, que faz rondas em locais com medidas protetivas, há falta de viaturas específicas e de servidoras e servidores que tivessem passado pelo treinamento para atuar junto às vítimas. Também a capacidade e a qualidade de atendimento foram gradativamente reduzidas. Isso é inadmissível, lamentável”, disse.