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Campanha Máscara Roxa registra 88 denúncias de violência contra mulheres e duas prisões em flagrante

Em funcionamento há 9 meses no Rio Grande do Sul, a Campanha Máscara Roxa resultou em 88 denúncias e duas prisões em flagrante por violência contra mulheres. A média foi de 11 denúncias por mês, em registros feitos em farmácias credenciadas como canais de socorro às vítimas, e atendidos pelos órgãos de segurança.

As duas prisões ocorreram em Porto Alegre e Rio Grande. Já as denúncias foram registradas em 33 municípios: Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita, Gravataí, Alvorada, Guaíba, Viamão, Novo Hamburgo, Sapiranga, Charqueadas, Triunfo, Capela de Santana, Pareci Novo, Capão da Canoa, Santo Antônio da Patrulha, Antônio Prado, Casca, Bento Gonçalves, Rio Grande, Pelotas, Capão do Leão, Pinhal, Carazinho, Taquari, Venâncio Aires, Santa Maria, Panambi, Santana da Boa Vista, Dom Feliciano, Três Passos, Giruá, São Luiz Gonzaga e Palmeira das Missões. As informações são da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam) da Polícia Civil.

Lançada em junho de 2020, a campanha foi motivada para reduzir os casos de violência decorrentes do isolamento pela pandemia. As farmácias foram escolhidas como canais facilitadores de denúncia de violência contra as mulheres por serem serviços essenciais e permanecerem abertas mesmo nos períodos de maior isolamento da população. A partir disso, foi criada uma rede voluntária com 1.500 farmácias em todo o estado. Os estabelecimentos credenciados como Farmácia Amiga das Mulheres são locais seguros e alternativos. A campanha segue em andamento e recebe denúncias de mulheres vítimas de violência doméstica.

O trabalho coletivo foi constituído com apoio dos órgãos de segurança, poderes do Estado e movimento de mulheres. A rede de farmácias é composta por: Associadas, Agafarma, Vida, Preço Mais Popular, Tchê Farmácias e Líder Farma. Todas as farmácias participantes estão com o selo “Farmácia Amiga das Mulheres” em suas vitrines e portas, para que as vítimas as identifiquem.

Os atendentes foram capacitados para o procedimento e para garantir a segurança da vítima. Ao chegar na farmácia a mulher deve pedir a máscara roxa, que é o código para que o atendente saiba que se trata de um pedido de ajuda. O profissional dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados para avisá-la quando chegar. Após, o atendente da farmácia passa à Polícia Civil as informações coletadas, via WhatsApp, para que o órgão tome as medidas necessárias.

Edegar Pretto, coordenador do Comitê Gaúcho ElesPorElas, diz que o mundo enfrenta duas graves pandemias: do coronavírus e da violência contra as mulheres. Ele avalia que a pandemia e o isolamento tornou o dia a dia das mulheres ainda mais pesado, pois além de acumularem tarefas da casa e do trabalho, convivem mais tempo com seus agressores.

— A razão do aumento do número de casos de agressões e feminicídios se deve pela dificuldade que muitas mulheres vítimas de violência têm de denunciar. Elas não conseguem sequer fazer ligação por voz aos números de denúncia, por se encontrarem no mesmo espaço que os agressores, ou por não conseguirem ir até uma Delegacia de Polícia. É neste contexto que a campanha ajuda e incentiva à denúncia.

Lei da Máscara Roxa

A partir da campanha, a Máscara Roxa virou lei no RS. O projeto, de autoria do deputado Edegar Pretto, foi aprovado na Assembleia Legislativa e sancionado pelo governo em agosto de 2020. A legislação obteve o reconhecimento do governo gaúcho e oficializou a Máscara Roxa como política pública no estado, com possibilidade para que outros estabelecimentos também possam servir como canal de denúncia.

Interessados em participar da campanha no Rio Grande do Sul devem entrar em contato com o Comitê Gaúcho ElesPorElas: WhatsApp 51 991993641 ou email comite.gaucho.elesporelas@gmail.com.

Números da violência contra as mulheres no RS

Somente nos três primeiros meses do ano passado, no período de isolamento da pandemia – março, abril e maio – 28 mulheres foram assassinadas por questões de gênero. Em abril, o aumento foi de 66,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Ao todo, em 2020, de janeiro a dezembro, 78 mulheres morreram vítimas de feminicídio no estado, 323 registraram ocorrência como vítima de tentativa de feminicídio, 1.908 foram estupradas e 18.944 registraram ocorrência como vítima de agressão com lesão corporal. Nos dois primeiros meses de 2021 foram 14 feminicídios consumados. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do RS.

ElesPorElas

O Movimento mundial da ONU Mulheres, Eles por Elas (HeForShe) é um esforço global criado em 2014 para difundir a conscientização e promover a responsabilidade de homens e meninos para a eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres e meninas. O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado do país a aderir ao ElesPorElas, em 2015. O Comitê Gaúcho é composto por empresas, universidades, instituições públicas, prefeituras, artistas e os clubes de futebol da dupla Grenal.