Ausência do Governo Federal na Expodireto mobiliza a volta de parlamentares gaúchos a Brasília
A expectativa da agricultura gaúcha foi frustrada no primeiro dia da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, que fica no Planalto Médio do Rio Grande do Sul. Nem o presidente da República, nem a ministra da Agricultura compareceram, e nenhum anúncio que atenue o drama da estiagem no estado foi feito. O deputado Edegar Pretto (PT), que é coordenador da Comissão de Representação Externa da Assembleia Legislativa para tratar da estiagem, disse que diante da inércia do Governo Federal, a comissão deverá, novamente, bater à porta do Ministério da Agricultura nos próximos dias.
“Temos a necessidade de mais uma mobilização em Brasília. Nos próximos dias eu vou apresentar um plano de trabalho para os membros da comissão e inclui a continuidade de uma grande mobilização com muita unidade política em direção ao Governo Federal. O governo não compreendeu ou não está dando a devida importância que o setor agrícola do estado tem, especialmente para o PIB nacional”, avaliou. A comissão foi solicitada por Pretto e instalada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira (PT).
Em Não-Me-Toque, além de participar da abertura oficial do evento, na manhã desta segunda-feira (07), Edegar Pretto visitou o parque de exposições e foi recebido pelo presidente da Expodireto Cotrijal, Nei Mânica. O encontro ocorreu juntamente com o governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, o presidente Valdeci Oliveira, e a presidente do Tribunal de Justiça do RS, desembargadora Iris Nogueira. Além de saudar o anfitrião da feira, Pretto pediu o apoio para reforçar a mobilização em busca de recursos para os agricultores castigados pela pior estiagem das últimas décadas.
O presidente da Cotrijal não escondeu o seu desapontamento com a ausência de representação do Governo Federal na abertura do principal evento voltado à agricultura do estado, a Expodireto. Diversas autoridades também lamentaram o não comparecimento de um representante do governo, porque havia uma grande expectativa do setor, quanto a um possível anúncio em benefício da agricultura. Mânica disse que não houve valorização da feira por parte do Executivo federal. Além de avaliar que, apesar das adversidades do clima, como a estiagem, da economia e câmbio, o agronegócio não para, o presidente se dirigiu aos políticos presentes, dizendo que o Brasil precisa de decisões que apontem soluções e que as reuniões não sejam para marcar outras reuniões.
Para Edegar Pretto, o início da Expodireto trouxe sentimentos antagônicos. “Por um lado, temos a alegria e a motivação do setor da agricultura do Rio Grande do Sul por estarem aqui nesta grandiosa feira, que é uma representação muito forte do segmento para todo o Brasil. Mas por outro lado, temos o sentimento de que os governos, tanto nacional quanto estadual, tentam invisibilizar o problema da seca, que prejudicou boa parte da produção no campo. É uma angústia constante para os agricultores, primeiro com a pandemia e agora com toda a problemática da seca, que afetou drasticamente esses homens e mulheres, que tiram da terra o que é essencial para a nossa vida, que é o alimento”, desabafou.
A feira, que vai de 7 a 11 de março de 2022 no parque de eventos da cidade gaúcha, conta com uma programação diversificada e cerca de 500 expositores. Do total, 197 estão no Pavilhão da Agricultura Familiar.
Problemas da estiagem precisam de solução urgente
A estiagem está entre as pautas prioritárias na agenda de Edegar Pretto desde novembro do ano passado. Ele já visitou propriedades atingidas pela seca e participou de diversas ações dos movimentos do campo, culminando com a sugestão da missão a Brasília e da criação da Comissão de Representação Externa, ao presidente da assembleia. Na mesma direção, a bancada do PT na Assembleia Legislativa protocolou projeto de lei de crédito emergencial para a agricultura. O PL já tem parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e aguarda parecer da Comissão de Agricultura para ser votado em plenário.
Pretto defende políticas permanentes para a estiagem, e alerta novamente que os movimentos do campo estão pedindo socorro há meses, e que a estiagem ainda não foi olhada como uma questão recorrente. Segundo ele, ano após ano o Governo do Estado só toma alguma atitude depois que a situação já se agravou.