Audiência pública discute situação do Hospital Centenário de São Leopoldo
A difícil situação financeira do hospital Centenário de São Leopoldo foi tema de audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (09), na Câmara de Vereadores do município.
Com presença dos deputados estaduais Edegar Pretto (PT), Pepe Vargas (PT) e Dr. Thiago Duarte (DEM), a audiência foi aberta com falas de secretários municipais sobre a atual situação do hospital. Foi relatado que o Centenário é uma instituição referência para mais de um milhão de pessoas de 18 municípios dos Vales dos Sinos, do Caí e região Metropolitana de Porto Alegre. No entanto, o hospital recebe repasses abaixo da média de outros municípios vizinhos, e administradores pedem ajuda ao Parlamento gaúcho e governo do Estado, e chamam atenção ao problema.
Atualmente, o hospital Centenário tem uma despesa mensal de R$ 9 milhões, e recebe R$ 2,3 milhões do governo federal. O restante, cerca de R$ 6 milhões, é bancado somente pela prefeitura de São Leopoldo. O valor é 40% da receita destinada à saúde do município, e quase o dobro exigido pela legislação. Mesmo assim, o recurso ainda é insuficiente.
O deputado Edegar Pretto disse que é injusto que um hospital que atende 18 municípios pague sozinho essa conta. Ele cobrou compromisso do governo, e se colocou à disposição na Assembleia Legislativa como mais uma voz em defesa da saúde pública e do Centenário.
Comparado ao investimento do governo do Estado em outros municípios, o Centenário é o que menos recebe ajuda. Enquanto hospitais da região chegam a receber até R$ 3 milhões, o repasse ao hospital de São Leopoldo fica na faixa de R$ 250 mil. “Embora mantenha todos os atendimentos, o Centenário opera com dificuldades”, apontou o deputado Edegar Pretto.
Conforme os relatos, a administração de São Leopoldo já apresentou a situação ao governo Estado e Secretaria da Saúde, mas até agora não houve resposta ou ajuda. “Há uma discrepância no tratamento dispensado a um hospital tão importante”, avalia Marcel Frison, secretário geral de governo do município.
Secretários, vereadores e público participante lembraram que o hospital Centenário presta atendimento 100% SUS, habilitado com unidade de assistência de alta complexidade em oncologia. Eles também destacaram o descaso do governo estadual, e a carga excessiva sobre a administração do município. “O governo do Estado não cumpre sua responsabilidade e o município tem que arcar com esse custo sozinho”, disse o secretário de Saúde municipal, Ricardo Charão.
O desequilíbrio das contas compromete a saúde financeira do município, que esgotou a capacidade de buscar novos recursos. “Não podemos fazer de conta que o problema não existe. O gestor estadual tem o poder de chamar os demais municípios e fazer uma repactuação”, observou o deputado Pepe Vargas.
O prefeito em exercício no município, Ary Moura, disse que não viu reação do governo anterior e nem do atual governo gaúcho. “A saúde e a fome não esperam”, declarou na tribuna.
Números do Hospital Centenário
186 leitos do SUS
109 atendimentos de emergência por dia
800 internações por mês
408 cirurgias por mês
57.445 atendimentos em 2018
3 mil atendimentos de emergência em 2018
Também participaram da audiência pública representantes do Sindicato Médido do Rio Grande do Sul (Simers), Conselho Regional de Medicina (Cremers), vereadores, promotores de justiça, Conselho Municipal de Saúde, lideranças comunitárias e população