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Na contramão mundial

A ministra da Agricultura Kátia Abreu convocou representantes do setor a se unirem para combater o preconceito contra os agrotóxicos. O que a ministra chama de preconceito, na verdade é um modelo agrícola que coloca o Brasil na triste posição de campeão mundial no uso de produtos químicos. A ministra ignora que cada brasileiro o consume em média 7,3 litros de veneno por ano, índice que no RS é 8,3 litros, conforme dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
Kátia Abreu vai na direção contrária do movimento mundial que defende os benefícios de uma alimentação saudável, e afronta o direito da população em optar por uma produção limpa. Atualmente, existem mais de duas mil formulações de agrotóxicos registradas nos ministérios da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente, sendo que dos 50 mais utilizados nas lavouras brasileiras, 22 são proibidos nos Estados Unidos e União Europeia.
Ao desprezar que o uso de veneno nas lavouras causa um desequilíbrio ambiental violento, que torna agricultores e consumidores vítimas, a ministra deixa de lado a necessidade de facilitar o acesso a informações técnicas sobre os agrotóxicos. Há evidências da presença de substâncias em amostras de sangue humano, água, leite materno e resíduos em alimentos consumidos pela população. Cabe frisar que o custo do agrotóxico à saúde é imenso, e mata.
Pesquisadores entendem que o modelo com base no uso de veneno está com os dias contados. Por isso estranhamos o sinal trocado vindo da ministra. Afinal, temos que reforçar apoio ao Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos, elaborado pelo Governo Federal e defendido por movimentos sociais do campo e da cidade para estimular ações em defesa da vida saudável.
Na Assembleia Legislativa gaúcha, por exemplo, tramitam três projetos que protocolei sob o estímulo desta pauta. Um para proibir o uso da substância 2,4-D, outro que prevê rotulagem de alimentos produzidos com veneno e o terceiro que pede o fim da pulverização aérea.
Defendemos novas alternativas de produção de alimentos, entre elas a agroecológica. Também urge o incentivo à produção de defensivos naturais, que não maltratam o meio ambiente. Diferente da posição da ministra, está mais que na hora de darmos um basta às constantes tentativas de adoçar as verdades amargas que priorizam a qualquer custo o lucro de poucos. Queremos que os alimentos representem a vida, e não a doença.
Deputado Estadual Edegar Pretto
Coordenador da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável