Em entrevista, Edegar Pretto diz que no seu governo nenhuma criança vai estudar de barriga vazia
Edegar Pretto, candidato a governador do Rio Grande do Sul, concedeu nesta segunda-feira (26) uma entrevista à revista Carta Capital, de São Paulo. Na conversa com o jornalista René Ruschel, que durou cerca de 1 hora e foi transmitida pelo YouTube, o líder petista analisou a situação do estado e falou de suas propostas para a saúde, educação, agricultura e segurança pública, especialmente para o enfrentamento da violência contra as mulheres, entre outras áreas.
O candidato da coligação Frente da Esperança (PT, PCdoB, PV, PSOL e Rede) contou que tem suas origens na agricultura familiar e que morou na roça até os seus 16 anos, quando o seu pai Adão Pretto, falecido em 2009, foi eleito deputado constituinte. Ele ressaltou que a escolha do seu nome, para dar seguimento à luta de Adão Pretto no parlamento, foi uma decisão coletiva junto à base social e que hoje está em seu terceiro mandato como deputado, tendo sido, em 2017, presidente da Assembleia Legislativa. “Ali eu demonstrei que sei conviver com as diferenças. E nestas eleições, eu represento o projeto do amor, sem ódio, sem rancor e sem revanchismo.”
Sobre a situação da agricultura, Edegar comentou que o RS foi impactado pela pior estiagem dos últimos 70 anos e que, pela primeira vez na história, os governos estadual e federal viraram as costas para o setor. “É inadmissível esse abandono com quem contribui tanto com a nossa economia e representa mais de 40% do PIB gaúcho.”
Edegar recordou que liderou uma missão a Brasília, com a participação de mais de dez partidos e de representantes de pequenos, médios e grandes agricultores, em busca de ajuda para o setor, mas que não houve empenho dos governos. “É a primeira vez que falta dinheiro para o Plano Safra. Eu tenho dialogado com os produtores rurais e lembrando a eles, especialmente do agronegócio, que no Programa Mais Alimentos, do governo Lula, foi renovada a frota agrícola nacional. As pessoas puderam comprar maquinário com juro de 2% ao ano.”
Combate à fome
Um dos compromissos de Edegar, destacado por ele na entrevista, é o combate à fome e à pobreza. Hoje no RS, mais de 1,6 milhão de pessoas não conseguem se alimentar adequadamente no dia a dia. Sobre o Regime de Recuperação Fiscal, ele afirmou que irá revê-lo, em consonância com o governo federal. “Lula vai se reunir com os 27 governadores eleitos para rever essa questão do Regime de Recuperação Fiscal, porque ele é um péssimo negócio para o estado. Se eu, enquanto governador, quiser fazer uma política diferenciada para a agricultura familiar, para os pequenos e médios negócios ou para a indústria, eu não posso. Ele subordina o nosso orçamento a um conselho em Brasília.”
Acerca das privatizações, Edegar lembrou que, após a venda da CEEE para a iniciativa privada, piorou a qualidade do serviço prestado aos consumidores. “Eu vi donos de mercados, de padarias e empresários chorando, porque perderam mercadoria quando a região Metropolitana ficou dias sem luz. Eu vou colocar um olhar de lupa e exigir que o que está neste contrato, como a prestação de um bom serviço à população, seja cumprido.”
Edegar se manifestou favorável à manutenção da Corsan e do Banrisul públicos e que terá um plano de reajuste dos salários dos servidores, que não ocorre há sete anos. Ele também defendeu que o poder público tenha mais atenção com a saúde e anunciou que pretende investir 12% do orçamento na área. “Temos que conversar com os hospitais, as unidades básicas, os pronto atendimentos, os profissionais da saúde e os municípios. Vamos ver quais são as estruturas, em cada região, que estão precisando de reparos para começar ou potencializar atendimentos. Além da covid, que deixou sequelas na população, temos uma fila interminável para quem precisa de um exame, uma cirurgia.”
Orçamento participativo e combate à violência contra as mulheres
Sobre o orçamento participativo, criado pelo governo de Olívio Dutra, Edegar disse que pretende retomá-lo. “Vamos possibilitar que as pessoas possam construir com o governo e também saberem como está sendo gerido o orçamento do nosso estado. Nós vamos ter uma plataforma potente e uma interlocução muito próxima e permanente com as pessoas, porque vamos tratar da vida real delas. O estado está com muitas dificuldades e é com o diálogo verdadeiro que vamos fazer a diferença.”
No tema da segurança pública, Edegar destacou que tem como uma das causas da sua vida e do seu mandato o combate à violência contra as mulheres. Ele criou, na Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres e é membro do movimento mundial He For She, da ONU Mulheres.
“Foi desmantelada, completamente, a rede de proteção às mulheres no estado. No governo Tarso Genro, nós criamos a Secretaria de Políticas para as Mulheres e a Patrulha Maria da Penha. O Estado treinava agentes de segurança para trabalhar diretamente nesta área. Em nosso governo, vamos ampliar a Patrulha Maria da Penha e construir mais delegacias especializadas de atendimento às mulheres.”
Edegar usou como exemplo de iniciativa que pode ser fortalecida pelo Estado a campanha Máscara Roxa, criada por ele durante a pandemia para facilitar a denúncia de violência contra as mulheres, através de farmácias parceiras. Essa ação se tornou uma lei, de autoria de Edegar, e serviu até mesmo de inspiração para outros estados.
Educação de qualidade
Edegar observou que a educação sempre foi prioridade nos governos do PT, que criaram 18 universidades públicas, sendo três no RS, além de institutos federais. Citou, ainda, que Olívio criou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). “Hoje, 83% das escolas não têm um pátio adequado para as crianças fazerem recreação e 14% delas estão sem banheiro. Os trabalhadores da educação estão há sete anos de reposição, trabalhando com baixa estima. Isso é inadmissível.”
Edegar acrescentou que o RS é o quarto estado do Brasil em que mais jovens desistiram de estudar e que pretende estabelecer uma educação pública que prepare as pessoas para a universidade e para a vida. “As escolas estão sucateadas, tem alunos estudando em containers, porque os prédios estão interditados. Enquanto isso, Eduardo Leite se vangloria que está sobrando dinheiro. Se eu for governador, vamos começar fazendo o urgente e necessário, que é arrumar a fiação elétrica, o telhado, a estrutura das escolas. E não vai faltar merenda escolar, porque para muitas crianças essa é a principal refeição do dia. O nosso governo será o maior cliente da agricultura familiar, para oferecer às crianças alimentos com sinônimo de saúde, porque ninguém aprende de barriga vazia.”
Assista a íntegra da entrevista de Edegar Pretto à Carta Capital: https://youtu.be/7HDJuigz7tI