Deputado Edegar Pretto participa da comemoração dos 40 anos dos Assentamentos Macali e Brilhante
As comunidades dos Assentamentos Macali e Brilhante, juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizaram uma festa em comemoração aos 40 anos de ocupação das terras, na região Norte do Rio Grande do Sul. A celebração ocorreu no sábado, dia 7 de setembro, na comunidade Macali II, em Ronda Alta.
O deputado estadual Edegar Pretto (PT) participou do evento, que reuniu cerca de mil pessoas. Na parte da manhã foi realizado um momento para relembrar a história da retomada da luta pela terra no Brasil e homenagens às famílias que acamparam, em 1979, nas áreas Macali e Brilhante e seus apoiadores. Ao meio dia, foi realizado um almoço de confraternização.
O deputado lembrou, que ainda menino, com oito anos de idade, esteve com seu pai, Adão Pretto, no local onde as famílias estavam acampadas. Pretto falou das dificuldades que os acampados enfrentavam na época, principalmente por ser tratar de um período em plena ditadura militar no Brasil. “Foi um período muito difícil, mas graças a ousadia e a coragem de homens e mulheres que se organizaram e foram à luta, milhares de famílias foram assentadas pela reforma agrária e hoje têm condições de uma vida digna e produzir alimentos. Macali e Brilhante representam 40 anos de uma história de muitas conquistas. Esse movimento que iniciou aqui no Rio Grande do Sul se espalhou pelo Brasil, e se tornou esse gigante que é o MST”, recorda o deputado.
Durante o ato que marcou a homenagem, foi relembrada a história de 1200 famílias, que em maio 1978 foram expulsas por indígenas de suas terras em Nonoai, na região Norte gaúcha. Diante do ocorrido, o governo do Estado iniciou, junto com o governo federal, um processo de transferência dos Sem Terra. Algumas famílias aceitaram fazer parte do processo de colonização no Mato Grosso. No entanto, cerca de 500 delas optaram por não sair do RS.
Parte dessas famílias passou a acampar nas proximidades da reserva indígena, no município de Nonoai, em Planalto e em Três Palmeiras. Outras, porém, foram deslocadas para o Parque de Exposições de Esteio, na região Metropolitana de Porto Alegre, as quais após alguns meses foram assentadas em Bagé, na região da Campanha.
Em 1979, famílias remanescentes começaram a se organizar para ocupar as fazendas Macali e Brilhante. Essas terras em Ronda Alta possuíam contrato irregular com o Estado, porque eram terras públicas e não poderiam ser arrendadas. Com o auxílio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de sindicatos, estudantes, servidores públicos da Secretaria de Agricultura, entre outras entidades, 110 famílias se organizaram e ocuparam a Macali, no dia 7 de setembro. Já dia 25 de setembro daquele ano, outro grupo de cerca de 70 camponeses ocuparam as terras da Brilhante. Inicia-se aí a retomada da luta pela terra.
O evento contou com a participação e diversos convidados. Entre eles o ex-governador Olívio Dutra e o deputado federal Dionilso Marcon (PT). O dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, que também participou da comemoração, diz que as ocupações da Macali e Brilhante representam uma ponte entre dois momentos históricos: o das lutas camponesas da década de 1970 e da organização das lutas camponesas de massas que resultou na criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na década de 1980.
Stédile diz que os movimentos populares do campo estão criando novos processos de unidade, e adianta que em outubro serão realizadas jornadas de luta contra o descaso do atual governo com as políticas para trabalhadores rurais. “Não estamos com medo e nem desanimados. Governos como esse atual nós já enfrentamos no passado, com a ditadura, com Collor e com FHC. Eles são efêmeros para história, e a partir disso vamos reconstruir um novo projeto popular para o nosso país”, afirma.