Plano de governo de Edegar Pretto recebe sugestões do Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari
Os temas que deverão aparecer como destaques nas propostas de Edegar Pretto para a disputa ao Piratini, tiveram mais uma importante contribuição na manhã deste sábado (16), em Santa Cruz do Sul. A terra da Oktoberfest gaúcha sediou a Assembleia Popular Regional,que reuniu os municípios que fazem parte dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari. Mesmo com chuva forte, cerca de 250 pessoas lotaram o CTG Tropeiros da Amizade. O evento destacou temas da saúde, da educação, do emprego e renda, do desenvolvimento e inovação e da agricultura familiar. Esses encontros têm o objetivo de ouvir todas as regiões do Rio Grande do Sul, entender as maiores carências e incluí-las no plano de governo do pré-candidato.
Edegar Pretto, que tem afirmado a cada assembleia, a sua grande motivação por estar construindo o seu plano de governo com a participação popular, começou o seu pronunciamento agradecendo as importantes contribuições de cada uma das áreas. Agradeceu também aos partidos aliados, PCdoB e PV, que têm acompanhado a sua caminhada durante a pré-campanha. Emocionado, falou da sua história de vida, dos ensinamentos dos seus falecidos pais, Adão Pretto e Otília, e destacou a força das lutas do Partido dos Trabalhadores, que acompanhou desde criança. “Nós viemos do chão da fábrica, da lona preta à beira da estrada, nós representamos as lutas das mulheres, a irreverência e a rebeldia da juventude. Nós somos diferentes dos que estão aí, porque viemos de outra semente, a semente do amor”, ressaltou lembrando o exemplo do ex-presidente Lula, que nos seus piores momentos encontrou força e esperança na militância, sem ódio e sem rancor.
Em relação à educação, falou da precariedade das estruturas escolares e criticou o ex-governador Eduardo Leite, que comemora superávit e queria doar quase R$ 500 milhões para obras do governo federal, sem considerar os problemas que o RS enfrenta. Sobre agricultura, disse que acredita em uma política em que o Estado seja o maior cliente para as compras institucionais dos produtos da agricultura familiar e camponesa. Quanto à saúde, disse que é necessário fortalecer a regionalização. “O Estado precisa voltar a cumprir os 12% de investimentos em saúde, como consta na Constituição e foi feito no Governo Tarso Genro. Vamos pensar num sistema de atendimento humanizado de prevenção, e não somente atuar quando as pessoas estão doentes”, salientou Pretto.
Conheça as prioridades regionais destacadas em Santa Cruz do Sul
O conhecimento, a ciência, os movimentos sociais e outros setores importantes das regiões envolvidas fizeram um diagnóstico das prioridades locais e das políticas do estado e do país. Cada área avaliou o quanto estas políticas foram atacadas pelos atuais governos. Com esse olhar, para o que se tem hoje e o que se quer para um futuro, apresentaram as principais sugestões que farão parte do plano de governo do pré-candidato.
Doutor em Ciências Sociais, fisioterapeuta, pós-graduado em Gestão em Saúde e ex-secretário de saúde de Teutônia e Lajeado (RS), Glademir Schwingel, defendeu o SUS e todo o avanço que o sistema teve ao longo da história desde 1988. “O SUS faz parte da democracia, mas tem sofrido constantes ameaças”, disse ao falar da importância da ciência e da vacinação, que foram boicotadas na pandemia por muitos governantes. Falou ainda da recuperação do sistema de saúde com participação popular. E finalizou dizendo que o desafio é fortalecer as políticas de saúde nas macrorregiões, e que isso também passa por garantias de trabalho dos profissionais, e que a população tenha acesso a consultas, cirurgias e exames, que ainda estão represados em função da pandemia.
As demandas da educação foram apresentadas por Cira Maria Gassen Kaufmann, que é professora e vereadora de Vera Cruz. Ela lembrou que nos governos do PT, a educação sempre esteve no centro da agenda. Disse ainda, que a educação é fundamental para se pensar e construir um projeto de desenvolvimento sustentável. A professora também denunciou que os governos atuais atacaram a educação e os profissionais do setor, com o sucateamento de escolas, a falta de reajustes salariais e a desvalorização dos planos de carreira. Cira acrescentou que é preciso devolver o protagonismo aos professores. “Não podemos admitir um projeto de educação construído com o mercado”. Como exemplo, citou o novo ensino médio que “precarizou a educação e o aprendizado” desses alunos.
Oscar Graff Siqueira, economista e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), destacou a importância da inovação para gerar oportunidades de trabalho e renda, especialmente no momento atual, em que a sociedade vive a transição entre o emprego formal e virtual. “Para quem vai servir a inovação? Para gerar empregos de alta ou baixa qualidade? Temos que pensar que tipo de inovação estamos fazendo”, questionou. Siqueira também afirmou que é preciso olhar para o desenvolvimento da China, que apresenta uma nova forma de estrutura econômica. Segundo ele, as grandes estatais chinesas compram e vendem produtos das empresas da China. Nesse sentido, ele destacou a importância de se manter empresas públicas estratégicas para o desenvolvimento. “Inovação precisa ser um instrumento para impulsionar um desenvolvimento inclusivo, que gera trabalho e renda”, apontou.
Doutor em Ciência Política e também professor da Unisc, João Pedro Schmidt, disse que para falar em desenvolvimento regional não é necessário inventar a roda. “Temos em nossas regiões Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Corede) e universidades comunitárias, que há anos organizam e sistematizam ideias e traçam planos de desenvolvimento. Então não precisamos nos afastar das regiões. Precisamos dar um viés progressista aos Coredes e às universidades”, apontou. Ele também destacou a necessidade de diversificação das profissões na região, que no caso da agricultura familiar, por exemplo, ainda está muito concentrada na produção de tabaco. Disse ainda, que os pólos tecnológicos das universidades precisam ser qualificados e fortalecidos, e sobre isso lembrou que foram os governos do PT que impulsionaram essas estruturas regionais, e que isso tem que ser retomado.
Os temas da agricultura foram abordados pelo engenheiro agrícola, Miqueli Sturbelle Schiavon, que também faz parte da coordenação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). “Falar de agricultura no momento em que vemos milhares de pessoas passando fome é um reflexo dos governos que não investem na agricultura e nem na produção de comida, que é o que nós defendemos”, disse abrindo a sua fala. Para ele, o maior desafio é não olhar a agricultura sobre um um um único viés, que é a produção de commodities. “Precisamos humanizar o setor, pensar em meio ambiente. Quem produz alimentos está abandonado pelos governos”, desabafou. Para ele, no RS o conjunto dos movimentos do campo estão há muito tempo discutindo ações que tratam dessas temáticas, “já que as políticas públicas são uma tragédia”. Disse também, que a agricultura familiar tem que estar nas centralidades e investimentos do governo, com recursos que cheguem até as propriedades rurais.
Em Santa Cruz foi realizado o encontro de número oito, neste formato. A assembleia popular já ocorreu em São Leopoldo, Pelotas, Sant’Ana do Livramento, Santo Ângelo, Porto Alegre, Passo Fundo e Osório. Ainda neste sábado a assembleia chega a Santa Maria e terá a última edição na próxima semana, dia 23 de julho, em Caxias do Sul. Além desses diálogos presenciais com a participação do pré-candidato, os gaúchos também podem contribuir com o plano de governo de Edegar Pretto através da plataforma virtual Decidim Povo, que pode ser acessada em https://decidimrs.com.br/, e recebe opiniões e sugestões da população de todo o Rio Grande do Sul.
Presenças
Além das representações que vieram de cada região, o evento também contou com a presença do deputado estadual Valdeci Oliveira; deputados federais Paulo Pimenta e Elvino Bohn Gass; deputada federal Maria do Rosário; Marcio Souza, presidente estadual do PV; Juliano Roso, presidente estadual do PCdoB; dirigentes partidários; prefeitos e vereadores da região; militantes do PT, PV e PCdoB e pré-candidatos e pré-candidatas ao parlamento estadual e federal.