Litoral aponta saúde e agricultura familiar como prioridades ao plano de governo de Edegar Pretto
A população do Litoral Norte do Rio Grande do Sul pôde contribuir, nesta sexta-feira (15), na elaboração do plano de governo de Edegar Pretto, pré-candidato do PT ao Palácio Piratini. A assembleia popular, que reuniu cerca de 250 pessoas na Câmara de Vereadores de Osório, apontou ao líder petista as prioridades da região. Entre os temas destacados está a necessidade de um amplo investimento em saúde, cultura e agricultura familiar, com uma atenção especial para o cooperativismo, a agroecologia e a preservação ambiental.
Em sua manifestação, Edegar Pretto lembrou que a sua caminhada na disputa ao governo do Estado é resultado de uma construção plural e coletiva, que se fortalece com o apoio do PV e do PCdoB. Ao falar sobre as necessidades do RS, ressaltou como urgência e compromisso o combate à fome. “Chegou a hora de um governante chamar para si a tarefa de garantir que nesse estado, que produz tanto, ninguém possa conviver com a fome. Nenhum pai e nenhuma mãe podem dormir com a preocupação se terão comida para seus filhos e filhas no dia seguinte”, afirmou.
Edegar Pretto acrescentou que o enfrentamento a essa situação passa pela geração de oportunidades, com a constituição de políticas públicas e investimentos em setores fundamentais para o desenvolvimento do RS, como o da produção de alimentos. “O Litoral é uma terra fértil e abençoada. Vamos incentivar a produção e levar para a mesa das pessoas comida com sinônimo de saúde, e não de doença”. Ele defendeu ainda que as compras institucionais, sobretudo para a alimentação escolar, sejam 100% da agricultura familiar.
Contribuições ao plano de governo
As assembleias são centrais na elaboração do plano de governo de Edegar Pretto, que carrega em sua jornada a prática constante do diálogo e a valorização da participação popular. No evento em Osório, o pré-candidato ouviu com atenção as contribuições de representantes de diversos setores.
O médico e professor Jorge Gioscia Filho citou as peculiaridades que existem no Litoral, que deixou de ser só uma região de turismo para se tornar moradia para muita gente, o que aumentou a população e a demanda por saúde. Ele listou uma série de necessidades, como a atenção à saúde dos trabalhadores, das crianças, adolescentes e idosos, além de mais qualificação dos profissionais da área. Em relação às mulheres, disse que é necessária atenção obstétrica humanizada e cuidados com a saúde como um todo. “Precisamos reduzir a morte por câncer de mama e estimular a retirada do anticoncepcional da vida da mulher.” Ao falar da importância da saúde integral, colocou como aliados a produção de alimentos saudáveis e o cultivo de pescados em áreas orgânicas.
Denise Barros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três Forquilhas, observou que a agricultura familiar e a produção agroecológica estão esquecidas pelo governo do Estado. Ela afirmou a importância de diminuir os custos da produção e lembrou que é a agricultura familiar que “alimenta o país”. Também pediu apoio à agroecologia e à produção de alimentos orgânicos. “Comida de qualidade e sem veneno”. A sindicalista ainda destacou a necessidade de resgatar políticas públicas voltadas aos pequenos agricultores, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O jornalista e antropólogo Iosvaldyr Carvalho apresentou demandas das comunidades quilombolas, culturas populares e afro-brasileiras. Entre elas, disse ser importante apoiar e fomentar editais culturais destinados especificamente à população negra e à cultura popular do Litoral Norte. Outra alternativa, apontou, é estabelecer cotas de até 25% em todos os editais culturais lançados no estado. Outra demanda foi o apoio a manifestações culturais da região, como capoeira, hip-hop, carnaval, grupos de danças afro e cultura quilombola.
A ativista trans Gabrielli Chagas questionou os presentes: “Quantas pessoas trans ou LGBTS vocês estão vendo aqui hoje? Pouquíssimas, e isso é uma problemática”.
Para ela, a imagem deste público ainda é de prostituição, miséria e invisibilidade. Ao citar uma pesquisa recente, relatou que foram 135 mortes de pessoas LGBTS só neste ano. “Foram mortas por apenas mostrarem quem são”, desabafou. Gabrielli assinalou que a principal luta da população LGBT é ter voz, alcançar trabalho, educação e cursos profissionalizantes.
O ecólogo Dilton de Castro falou das características da região litorânea, que tem paisagem e geografia diferenciadas, mas que também possui potencial agrícola, ecoturismo e agricultura ecológica. “Essa é uma região que cresce muito no Rio Grande do Sul e esse crescimento demográfico não é acompanhado pelos investimentos”. O estudioso defendeu a implementação de um turismo com base ecológica, e o resgate e fortalecimento dos Conselhos de Meio Ambiente em nível estadual e federal.
As assembleias populares para elaboração do plano de governo de Edegar Pretto vão até o final de julho, quando se encerra esse ciclo de diálogos presenciais com a participação do pré-candidato. Até agora, os eventos já aconteceram em São Leopoldo, Pelotas, Sant’Ana do Livramento, Santo Ângelo, Porto Alegre, Passo Fundo e Osório. Os próximos ocorrem neste final de semana em Santa Maria e em Santa Cruz do Sul. E o último no dia 23, em Caxias do Sul. Além dos encontros presenciais, as contribuições podem ser feitas de forma online, através da plataforma Decidim Povo, que pode ser acessada em https://decidimrs.com.br/.
Também participaram do evento em Osório o deputado Elvino Bohn Gass; as deputadas Maria do Rosário e Stela Farias; a coordenadora regional do PT, Renata Franki Moreira; dirigentes e militantes do PT, PV, PCdoB e PSOL da região.