Edegar Pretto defende políticas para a permanência da juventude no campo e produção de alimentos
Debater políticas públicas para a permanência da juventude no campo, com oportunidades de educação, trabalho, renda e produção de alimentos. Esse foi o foco do Encontro Estadual de Juventude Rural, realizado nos dias 14 e 15 de junho pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul – FETAG-RS, em Porto Alegre.
Durante os dois dias de evento, cerca de 220 jovens de 28 regionais da Federação no estado debateram temas como acesso à escola, crédito agrícola e os principais desafios para a sucessão rural. É por meio da sucessão que as famílias que vivem no campo garantem a manutenção do patrimônio e a continuidade das atividades da agricultura familiar, em especial a produção de alimentos.
A coordenadora estadual de jovens da FETAG, Jaciara Müller, apresentou a Carta da Juventude Trabalhadora Rural Gaúcha. No documento, entregue a Edegar Pretto e integrantes da bancada federal gaúcha, constam os principais temas que foram tratados nos dois dias de evento. Entre as demandas apontadas, estão a necessidade de melhoria das estradas para escoação da produção, a instalação de rede elétrica trifásica, pois em muitos lugares do interior a rede ainda é monofásica, acesso à internet e telefonia, e atenção com as escolas rurais.
Edegar Pretto falou da sua origem na agricultura familiar. Lembrou aos participantes que é filho de pequenos agricultores e que trabalhou na roça até os 16 anos de idade, quando seu pai, Adão Pretto, foi eleito deputado estadual e se mudou com a família para Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Por força da vida, quando meu pai faleceu, coube a mim a tarefa de continuar essa luta. Eleito três vezes deputado, a produção de alimentos sempre foi uma das minhas principais bandeiras. Como presidente da Assembleia Legislativa, em 2017, também tornamos o tema como uma das causas do parlamento. Hoje, na condição de pré-candidato ao governo, também estou diante de uma troca geracional, e recebo esse documento com o compromisso e o entendimento das dificuldades e do potencial do campo, especialmente da agricultura familiar, que é de onde eu venho”, observou.
Outro ponto da fala de Edegar Pretto, diz respeito ao êxodo rural. Ele lamentou que a juventude esteja abandonando o campo e indo em busca de emprego na cidade. Segundo ele, o Brasil nunca teve tantos jovens como agora, com cerca de 50 milhões entre 15 e 29 anos. Pretto diz que a juventude está decepcionada em níveis recordes, sem perspectivas de trabalho e insatisfeita com a condução no país, e avalia que é urgente a proposição de políticas para os jovens do campo e da cidade, com programas de desenvolvimento para permitir que essa população possa permanecer em suas regiões. “Os jovens da roça não querem ser agricultores e agricultoras como uma última opção de vida. Eles querem oportunidades para continuarem no campo, com suas famílias, tendo dignidade, trabalho, renda e vivendo felizes”, pontuou.
Edegar Pretto ainda aprofundou o tema da produção de alimentos, apontando os problemas enfrentados no estado a partir do abandono de políticas públicas e do agravamento da estiagem. Disse que é inadmissível tanta gente estar passando fome, e chamou a responsabilidade para os governantes. “Está na hora dos governos chamarem para si essa tarefa. Num estado que sempre produziu tanto, não dá para aceitar que pais e mães durmam com a preocupação se no dia seguinte terão comida para dar aos seus filhos e filhas. É preciso garantir acesso à comida, e que as compras institucionais do Estado sejam de produtos da agricultura familiar”, defendeu.
Pretto ainda acrescentou que o setor foi uma das prioridades do então presidente Lula, que durante seu governo criou e regulamentou programas de incentivo de produção e venda de alimentos, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com esses programas, o Brasil foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como modelo em políticas de segurança e soberania alimentar, considerados importantes para melhorar a vida de milhares de pessoas em todo o país.
Foto: Rafael Stedile