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Emprego, renda e moradia estão entre as prioridades de Edegar Pretto para o Vale do Sinos e região

Com o objetivo de ouvir para governar, foi realizada nesta quarta-feira (15) a primeira Assembleia Popular da pré-campanha de Edegar Pretto. Cerca de 700 pessoas de 43 municípios das regiões dos vales do Sinos, Paranhana e Caí lotaram o ginásio da Paróquia Santo Inácio, em São Leopoldo. “O Rio Grande que o Povo quer” é o slogan dos 10 encontros que irão abranger todo o Rio Grande do Sul e, a partir do diálogo com a sociedade, identificar as questões que são prioritárias em cada região. Desses encontros saem as principais demandas para compor o plano de governo de Edegar Pretto para a disputa ao Piratini.

O desafio para a geração de emprego e renda foi o foco das demandas das regiões da primeira assembleia. O Vale do Rio dos Sinos e entorno é um grande polo coureiro-calçadista, e hoje sofre com a falta de investimentos dos governos estadual e federal e de fomento às empresas, para que os municípios possam se desenvolver de forma mais igualitária.

Para o pré-candidato, na prática esse formato de encontros inclui a opinião das pessoas nas decisões e investimentos de um governo. Edegar Pretto ressaltou que, em todo o Rio Grande, há aumento da pobreza, e os empregos ainda não retornaram aos parâmetros de antes da pandemia. Ele acrescentou que a renda diminuiu para todos e chegou ao menor valor em 10 anos, e os preços dispararam, principalmente os dos alimentos.

Pretto observou ainda que, além de recuperar o setor da economia, o combate à fome também é uma prioridade para resgatar a dignidade das pessoas. Segundo ele, isso só é possível com a retomada de empregos. “Queremos construir propostas que façam sentido para cada região que estamos dialogando. Toda essa mobilização tem que resultar em desenvolvimento para o nosso estado, em diálogos e convergências com todos os setores produtivos. É possível convivermos em harmonia e caminharmos na mesma direção para um novo Rio Grande”, enfatizou.

Os números da desigualdade e da pobreza 

A assistente social Paola de Carvalho, coordenadora adjunta do plano de governo de Edegar Pretto, disse que o maior desafio da pré-campanha é construir um diálogo com a sociedade gaúcha, ouvindo as demandas específicas das regiões, especialmente as que mais afetam a vida das pessoas, como a fome e o desemprego. Ao apresentar os 13 compromissos do plano de governo, lembrou que eles são compromissos históricos que o PT sempre teve com a população. “Um deles é o prato cheio, pois a fome bateu na porta da população brasileira e gaúcha”, alertou.

Conforme o relatório Desigualdade nas Metrópoles (setembro/2021), o percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita do trabalho menor que ¼ do salário mínimo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, era de 17% no início da série histórica (2012). Já no primeiro trimestre de 2020 chegava a 20%. E apenas um ano depois, no 1º trimestre de 2021, alcançou o patamar de 28%. Em termos absolutos, isso significa que em apenas um ano o número de pessoas nessa situação passou de 899 mil para 1,1 milhão. Ou seja, mais de 280 mil pessoas caíram abaixo desse patamar de renda durante a pandemia. Portanto, hoje a metrópole de Porto Alegre é muito mais desigual do que era no primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia.

Participação e diagnóstico dos setores

O trabalho de escuta de especialistas e de representantes de diversos setores foi conduzido pelo prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi.

João Batista Xavier, presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria do Calçado do Rio Grande do Sul, disse que “os trabalhadores e trabalhadoras não podem pagar pela inoperância dos governos estadual e federal”. Ele ainda destacou a importância de valorizar o piso regional como forma de melhorar a renda dos trabalhadores e ampliar as condições de vida e de consumo.

Eliene Amorim, que é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM), de São Leopoldo, falou da importância das cozinhas comunitárias para a geração de trabalho e combate à fome no município. “Queremos trabalho, renda e ajudar a governar este estado e o nosso país. Também defendemos o espaço das mulheres no centro do poder”, ressaltou.

Numa manifestação acalorada, Cristiano Schumacher, dirigente do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), disse que quem não tem casa não quer ser tratado como cidadão de segunda categoria. “Precisamos de um sistema de segurança pública que respeite os trabalhadores das periferias. Outro ponto importante é o desenvolvimento habitacional do estado, porque dói muito ver as pessoas sem trabalho e moradia”, lamentou.

Já a secretária de Direitos Humanos e vereadora de São Leopoldo, Nadir de Jesus, pediu por políticas públicas voltadas para a população negra. “Todos os dias temos os nossos direitos violados. Precisamos de políticas para a juventude negra, em especial para os jovens que estão fora da escola. Precisamos voltar a acreditar num país digno”, desabafou.

Para completar as falas dos porta-vozes dos movimentos sociais e comunidades, Eduardo Tamborero, membro do Movimento Negro Unificado, falou dos muitos desafios que a população negra vem enfretando, em especial diante do atual governo federal. “Os jovens negros estão sendo exterminados. Acreditamos que um governo precisa olhar para todos, e que os jovens estejam no centro das políticas públicas. É pela educação que vamos reconstruir nossa dignidade”, protestou.

O que dizem os especialistas em desenvolvimento, tecnologia e educação 

A Assembleia Popular também proporcionou momentos de conhecimento e reflexão sobre temas distintos, mas fundamentais para o desenvolvimento do estado como um todo.

Sobre o projeto de desenvolvimento da indústria e do emprego, Valmir Lodi, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Região, defendeu um governo voltado para os trabalhadores, destacando que o mais importante é não deixar a desindustrialização tomar conta do país e da região. “Para nós não basta só ter emprego, precisamos de emprego de qualidade, precisamos ter salário digno. Esse é o compromisso que a gente vem falar aqui em nome dos trabalhadores da categoria metalúrgica”, disse.

Na perspectiva do desenvolvimento a partir do fortalecimento dos sistemas de inovação e tecnologia, Silvio Bitencourt da Silva, gestor do Parque Tecnológico da UNISINOS de São Leopoldo (TECNOSINOS), acredita que a Universidade tem gerado desenvolvimento econômico e social, que é resultado da inovação e do empreendedorismo. “Mas para que isso aconteça, para que isso funcione, é necessário uma base fundamentada em educação, desde o ensino fundamental até uma graduação de qualidade, que prepare as pessoas para a inovação e o desenvolvimento. E isso só se faz com educação de qualidade e instituições comprometidas com o desenvolvimento regional”, apontou.

A respeito do projeto de desenvolvimento industrial de São Leopoldo e a Câmara Temática na ótica empresarial, Valmir Pizzutti, diretor do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico de São Leopoldo (SINDIMETAL), citou exemplos de como alavancar o desenvolvimento de trabalho e renda, como é o caso da Câmara Temática da Indústria que foi constituída em São Leopoldo e que reúne três forças importantes para o desenvolvimento econômico do município, que é a indústria, os trabalhadores e o poder Executivo. Para ele, a indústria de São Leopoldo já conseguiu alavancar a economia do município, do décimo segundo para o sexto lugar no estado. “A nossa intenção é levar este importante município para uma posição melhor ainda no ranking. Temos empresas destaques, qualidade de trabalho e de ensino”, afirmou.

Somando aos diálogos presenciais com o pré-candidato nas assembleias, a população gaúcha também tem à disposição a Decidim Povo, uma plataforma virtual que possibilita o envio de opiniões e sugestões para o Plano de Governo de Edegar Pretto.

Além de dirigentes de partidos que apoiam a pré-candidatura de Edegar Pretto, como o PCdoB e PV, também participaram da Assembleia Popular que marcou o pontapé inicial da construção do plano de governo os deputados federais Dionilso Marcon e Elvino Bohn Gass; a deputada estadual Sofia Cavedon; o prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella; vereadores e vereadoras das regiões de abrangência; lideranças de movimentos populares, estudantis, de sindicatos, de associações de bairros e pré-candidatos a deputado e deputada estadual e federal.

Confira o calendário das próximas Assembleias Populares Regionais:

 

18.06 – Pelotas, 14h

25.06 – Santana do Livramento, 14h

30.06 – Porto Alegre, 19h

02.07 – Santo Ângelo, 14h

09.07 – Passo Fundo, 9h

15.07 – Osório, 19h

16.07 – Santa Cruz, 9h

16.07 – Santa Maria, 15h

23.07 – Caxias do Sul, 9h

Texto: Silvana Granja

Foto: Rafael Stedile